“Bolero de Satã”, que está no disco “Elis, essa mulher” (1979), é uma parceria de Paulo César Pinheiro com Guinga. E um dueto com Cauby Peixoto.
“O Cauby Peixoto é paixão antiga, dos tempos de ser ouvinte da Rádio Nacional”, já disse Elis.
Paulo César já estava entro os grandes compositores gravados por Elis. Já o Guinga… quem conta é a própria Elis, numa entrevista:
“O Guinga me foi apresentado da seguinte forma: eu fui ouvir as músicas do (João) Nogueira e ele convindou um amigo dele pra tocar violão.
Aí, o João gravou uma fita e pediu ao Guinga: ‘agora mostra as tuas músicas pra Elis’”. Guinga tocou quatro e Elis resolveu gravar “Bolero de Satã”.
“Desde a hora que estava ouvindo a música, sentia que faltava alguma coisa. Tinha alguma coisa para colocar junto com a minha voz. E eu tinha me fixado na Ângela Maria. Um dia, eu estava dando uma entrevista numa rádio e o Cauby entrou pelo corredor. Ia fazer um outro programa, num outro estúdio. Eu falei: é a peça! É essa figura que eu estava ouvindo e não tinha me tocado”.
Bolero de Satã
Você penetrou como o sol da manhã
E em nós começou uma festa pagã
Você libertou em você a infernal cortesã
E em mim despertou esse amor
Atormentado e mal de Satã
Você me deixou como o fim da manhã
E em mim começou esse angústia, esse afã
Você me plantou a paixão imortal e mal sã
Que me enraizou e será meu maldito final amanhã
E agora me aperta a aflição
De chorar louco e só de manhã
É a seta do arco da noite
Sangrando-me agora
São lágrimas, sangue, veneno
Correndo no meu coração
Formando-me dentro esse pântano de solidão
Realmente, Bolero de Satã com Elis e Caubi ficou fantástico. Posso ouvi-los milhões de vezes que sinto vontade de continuar. A música penetra no coração da gente como o sol da manhã de inverno ardendo no corpo gerando energia, alegria e bem estar.