“Nesse show, sou mais filha que cantora…”

Nessa sexta feira, o jornal O Globo publicou uma matéria sobre a passagem da turnê Redescobrir no Rio de Janeiro e da abertura da exposição Viva Elis, no próximo dia 09 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil. Leia matéria completa: RIO – Depois de dez anos de carreira, a cantora Maria Rita viu […]

Nessa sexta feira, o jornal O Globo publicou uma matéria sobre a passagem da turnê Redescobrir no Rio de Janeiro e da abertura da exposição Viva Elis, no próximo dia 09 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil.

Leia matéria completa:

RIO – Depois de dez anos de carreira, a cantora Maria Rita viu boa parte de seus achismos irem por água abaixo. Ela descobriu, por exemplo, que não precisava ter um disco antes de sair com um show (seu último, “Elo”, do ano passado, só foi gravado depois de um ano e meio na estrada com um espetáculo). E chegou à conclusão de que não ganhava nada em reprimir a emoção ao cantar o repertório da mãe, Elis Regina, no show “Redescobrir”, que ela faz de sexta a domingo, no Citibank Hall — um dos vários eventos que lembram os 30 anos da morte de Elis, e que incluem exposição, livro, filme e reedições de discos.

Veja acima apresentações de Elis Regina em programas da TV francesa nos anos 1960, que vão estar na mostra.

— Eu até nem me preocupo mais em fazer bonito. Eu simplesmente paro de cantar, deixo as pessoas cantarem, choro que nem uma besta — conta. — Nesse show, sou mais filha que cantora.

“Redescobrir” nasceu do projeto Nivea Viva Elis, patrocinado pelo fabricante de produtos de beleza, que incluía cinco shows em grandes capitais, no qual Maria Rita, que até então só havia cantado uma música do repertório da mãe ( “Essa mulher”, para a TV), enfileirou 28 músicas da Pimentinha.

— No princípio, eu achava que não poderia nem ser uma coisa boa para a minha carreira. Depois de um show desses, você ia fazer o que da vida? — argumenta ela, que se surpreendeu com a receptividade do público, em especial nos shows em Porto Alegre (no Anfiteatro Pôr do Sol, que reuniu 60 mil pessoas) e em São Paulo (que pôs 120 mil fãs no Parque da Juventude). — Fui me apaixonando, fui me entregando. Foi rolando um namoro. Quando dei por mim, vi que não podia parar com o show. Não era mais uma escolha minha, muita gente não tinha conseguido ver e pedia para que eu continuasse.

Em “Redescobrir”, a cantora volta com as mesmas 28 músicas do Viva Elis. Entre elas, clássicos ( “Arrastão”, “Como nossos pais”, “O bêbado e a equilibrista”, “Fascinação”, “Madalena”) e boas surpresas (“Vida de bailarina”, “Vou deitar e rolar”, “Aprendendo a jogar”). Dia 11, em São Paulo, será gravado o seu CD e DVD ao vivo, com direção de Hugo Prata — seu primeiro produto para a Universal Music, na qual está há dois meses, depois de uma carreira fonográfica inteira na Warner.

— Não dava mais pra mudar o roteiro do show. Não tivemos tempo pra ensaiar e pesquisar mais — diz Maria Rita, lamentando ter deixado muitas músicas de fora (“Velha roupa colorida”, o disco “Essa mulher” inteiro, umas tantas do LP “Elis & Tom”). — Eu falo, brincando, que daqui a dez anos eu posso fazer uma parte dois. Lá em cima do palco, sinto falta de umas músicas mais pra cima. Mas aí o show ia começar a ficar muito longo, ia virar um musical!

Para o fim do ano, Maria Rita espera um filho do guitarrista Davi Moraes. É a gravidez, diz ela, que determinará a continuidade de “Redescobrir”.

— A gente tem agenda até início de novembro, depois eu vou dar uma acalmadinha — conta. — Eu tenho um sonho, que é, depois que o meu filho estiver com um, dois meses, voltar com o show e fazer um encerramento no dia 17 de março, que é o aniversário da Elis.
Daí em diante, diz Maria Rita, a tarefa é retomar o projeto de disco autoral que foi “atropelado” pelo “Viva Elis”.

— Eu tenho a imagem pronta desse trabalho, só preciso fazer a trilha sonora. E é uma imagem meio assustadora, agressiva — adianta ela. — Eu tenho as minhas sombras, e essa inquietação, que se manifesta de diversas formas, inclusive agressividade. Mas não é que eu vá sair quebrando guitarra no palco, jogando pedestal na plateia. Talvez o trabalho tome um tom mais político.

Ideologia, eu quero uma pra viver. O verso da canção de Cazuza e Frejat anda ecoando na cabeça da cantora.
— Parece que não é legal falar de política, que é antigo. Eu acho que o artista tem que instigar, dialogar. Esse distanciamento não é saudável. Talvez eu espante meu público, talvez perca espaço. Mas essa é a minha verdade.
Tentando entender o que acontece com a nova música brasileira, Maria Rita ouve os compositores que mandam músicas e as cantoras que despontam. Foi fisgada por Tulipa Ruiz e Gaby Amarantos (“Acho o timbre dela bonito, ela tem uma irreverência bacana.”). Mas se mantém reservada, na sua.

— Um dia, estava conversando com o Alê Yousef (fundador dos Studio SP e RJ), e ele veio falar de uma ideia que tinha tido para desenvolver comigo com essa nova turma. Eu eu fiquei com duas perguntas a fazer. Primeiro: Eles gostariam de trabalhar com uma pessoa como eu, que já tem um nome? E segundo: Eles precisam disso? Não ia atrapalhar o processo deles, gravar com uma artista que tem música na novela?

Bom, mas se hoje em dia mesmo Tulipa mesmo já tem música na novela….

— Ah é? Tô tão por fora… — admite Maria Rita. — Quando eu consigo ver novela, é na hora de “Avenida Brasil”, fico lá torcendo para a Carminha.
Vêm aí exposição, livros, longa e musical
A volta de Maria Rita ao Rio com os shows dedicados a Elis não será a única homenagem à cantora que a cidade verá esses dias. Na próxima quinta-feira, abre no Centro Cultural do Brasil a exposição multimídia “Nivea Viva Elis”, que reúne cerca de 200 fotos da cantora, além de um documentário, entrevistas, ingressos e pôsteres , vídeos de apresentações, especiais de televisão, réplicas de figurinos, além de matérias de revistas e jornais.
O material foi selecionado pelo curador Allen Guimarães entre os arquivos da família e os objetos cedidos pela imprensa e por milhares de fãs e conhecidos de Elis. A exposição já passou por Porto Alegre e São Paulo (onde ficou seis semanas e foi vista por cerca de 35 mil pessoas, só nos fins de semana). Junto com a abertura no Rio, será lançada a biografia “Viva Elis” (Master Books), escrita por Allen, também como parte do projeto com a Nivea. A tiragem do livro será, em parte, distribuída para instituições de ensino do país.
Ainda estão previstos para os próximos meses um longa metragem (que está sendo escrito por Nelson Motta), um musical (em negociação com Nelson) e mais uma biografia da cantora, elaborada pelo jornalista Julio Maria.
Filho de Elis, João Marcello Bôscoli está em estúdio cuidando das reedições dos LPs “Elis” de 1972 e 1973, os quais passarão pela mesma restauração sonora ao qual já foram submetidos “Elis & Tom” (1974), “Falso brilhante” (1976) e “Elis” (1980).

 

Comentários (12)

  1. O show Viva Elis foi tudo de bom mesmo….A Maria Rita literalmente DESABROCHOU em todos os sentidos… Os fans da Maria Rita se aproximaram da arte Elis Regina… Os fans da Elis se aproximaram da arte Maria Rita… e o mais maravilhoso de tudo isso, é esse bebezinho netinho(a) da Elis, participando ativamente dessa transformaçao geral… Tudo isso é muito emocionante… Elis està presente, feliz e orgulhosa… OBRIGADA Maria Rita… Deus abençoe.

  2. Maria Rita,”há um tempo para cada coisa.”E como é gratificante vê-la sem amarras falar da sua mãe.Tão bom perceber você deixando-se amar por sua mãe Elis Regina.O brasil só ganha com sua generosa homenagem a essa que é considerada uma das maiores cantoras do mundo.Eu sou admiradora do talento que é Elis Regina.O verbo é no presente mesmo, pois apesar da ausência física da Elis,o que ela deixou ninguém pode tirar:sua vida foi uma obra musical,aliás,uma raríssima obra prima,lapidada com muita gana,garra,esforço,determinação e, aliada a isso,uma musicalidade única.Elis era toda uma magia de música!Elis sempre foi uma estrela dentro do cenário musical mundial.Maria rita,eu tive a alegria de ver você no Rio de Janeiro no Aterro do Flamengo.Foi de uma emoção indescretível.É bom que os jovens saibam quem foi Elis Regina.E através desse projeto ela está sendo reapresentada e conhecida por aqueles que não tiveram(pois o nosso país,infelismente,pouco faz para honrar os seus filhos ilustres)a oportunidade de conhecê-la.Vejo “umas” pessoas,que não sei por que fazem críticas a você,cantora.Mas o tempo não serve só para passar…ele é nosso amigo,sábio amigo.Você saberá valorizar as coisas boas e seguirá em frente com muito amor,dignidade,respeito…não vale a pena desperdiçar energia com coisas tão insignificantes.Críticas,são necessárias quando nos levam a um crescimento.Ao ver tais “críticas”,eu me lembro da fábula do burro,o velho e o menino.O senhor deu ouvidos ao que as pessoas falavam e deixou de fazer aquilo que seu coração mandava.Você,Maria Rita,demonstrou maturidade.As pessoas, falamos demais e silenciamos de menos.É preciso ouvir-nos no silêncio do nosso coração.Cante,se a vida passa,melhor cantar…Continue sempre que possível homenageando a nossa grande Elis Regina.Sabemos que Elis é a maior e que você é uma autêntica cantora…a segunda maior,porque a primeira,já sabe né?O Senhor te abençõe e te guarde,o Senhor volva a ti o seu rosto,alegra-te o teu coração!uma grande e respeitoso abraço a você!

  3. Maria Rita, Parabéns pelo show maravilhoso de ontem 03/08/2012. Fui ao Citibank Hall, com a expectativa de assistir a um bom show, mas, foi muito mais do que isso. Uma explosão de talento, sensibilidade, emoção, e até uma malandragem , no bom sentido, quando você errou um pedacinho de uma letra, riu, brincou e continuou a cantar, levando a todos nós , que estávamos na plateia , ao delírio. Tenho 56 anos, tive a a oportunidade de ver Elis ao vivo no Canecão, e é muito bom ver que a arte de cantar foi repassada de mãe para filha.
    Que Papai do Céu e Nossa Senhora Aparecida continuem a te abençoar. Aliás você me fez ficar com lágrimas nos olhos ao cantar Romaria.
    TUDO DE BOM!!!

  4. Que show sensacional, emoção pura do início ao fim… Maria Rita, vc fez muito bem de esperar todo esse tempo para cantar as músicas da sua mãe. Tudo tem sua hora. Mas agora, ouso dizer que o repertório dela passa a ser também um pouco seu, que o interpretou divinamente, com tanta paixão, com tanta entrega e emoção, sentindo cada palavra das letras das músicas, é indescritível o que sentimos te assistindo cantar. Daqui pra frente acho que nos shows, vc terá que cantar pelo menos umas 2 ou 3 músicas de Redescobrir. Parabéns, como filha, pela linda e merecida homenagem e como cantora, pelo grandioso espetáculo que tive o privilégio de assistir!

  5. Simplesmente MARAVILHOSO!!!!!!!!

    Maria Rita estava fabulosa… Que energia boa… Com certeza, Elis estava presente no palco ao lado da filha!!!!

  6. Maria Rita, obrigada pelos momentos de intensa emoção , ainda estou em êxtase , graças a você.Tenho absoluta certeza que teremos REDESCOBRIR 2, 3 ,4 …etc e tal. Assisti ao show ontem , domingo(5/8) e não me surpreendi, pois acompanho sua carreira desde o show de 2003. Sou fã incondicional de ELIS, A MAIOR de todos os tempos , e agora transfiro para vc o meu carinho e a minha admiração. VOCÊ é sim! Legítima herdeira do dom e do carisma da nossa AMADA. ELIS VIVE através do seu talento. Estou aguardando ansiosa o lançamento do CD e do DVD. Até o próximo show. Muita paz em sua vida!

  7. Maria Rita: Eu sou Americano, nascido na capital, Washington, D.C, mas fui criado no Rio de Janiero, dos 6 aos 18 anos (de 1978 a 1990) eu vivi na Cidade Maravilhosa, e tive a grande sorte de ser exposto, como jovem, a musica da su mãe, Elis Regina. Desde criança os meus pais tocavam a musica da Elis, e tambem pude ver-la en suas varias “performances” na televisão. Eu fiquei instantaneamente vibrado naquela voz e presenca no palco ao vivo. Para mim ela e e sempre será a Judy Garland, Dusty Springfield, Edith Piaf, etc…do Brasil.

    E agora, aos 40 anos (e mas de 12 que nao volto ao Rio infelizmente), estou redescobrindo Elis pela sua voz. Adoro a sua interpretação vocal e além disso, admiro um montão a sua coragem e o seu espirito de individualidade em querer ser voce mesma, e cantar do seu jeito, aprendendo da sua forma, como lidar com o publico e como interpretar canções novas e antigas.

    O seu trabalho musical, e a sua atitude humilde em varias entrevistes que tenho visto, e um testamento a sua mae, que com certeza, estaria orgulhosa de voce e o seu “work ethic”(etica de trabalho?)e a sua grande paixão pela musica.

    Voce me desculpe o portugues, mas escrevo do coração…muitissimo obrigado por compartir o seu talento com o publico, e saiba bem que voce tem milhões de fãs aqui nos “States” que adorariam te ver em pessoa com mas frequencia. Espero que voce possa fazer uma turné por Washington na proxima vez, como ja fizeram o Milton, a Gal, Caetano e varios outros com grande sucesso.

    O publico Americano esta a sua espera..de braços abertos. Open arms!!

    BEST OF LUCK! TUDO DE BOM, e continue brilhando!!!

    Stefan Sittig
    Washington, D.C.
    fã da Elis desde os 6 anos de edade.

  8. Boa tarde Maria Rita!

    Show fantástico! Já tinha tentado ir no Viva Elis, mas caiu bem no dias das mães.
    Mas de qualquer forma, foi melhor que eu e minha esposa tenhamos ido a esse do Citibank Hall.

    Estou até agora em êxtase pensando no show.

    Parabéns!

    Heitor e Gi

  9. Boa tarde, Maria Rita!

    Eu te adoro, mas infelizmente não pude ir ao seu show no RJ, gostaria de saber se você vai fazer novas apresentações desse show Viva Elis no RJ, gostaria muito de assistir, pois adoro as musicas da Elis e amo sua voz.

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